«Entre as modalidades que caracterizam a cultura
artística do nosso país em termos de prática
continuada e de peso identitário, o Azulejo assume,
por certo, um lugar de grande destaque.
Desde o século XV e até aos nossos dias, com fases
em que esse uso chegou a ser quase totalitário, a
prática dos revestimentos azulejares contribuiu para
requalificar os espaços da arquitectura, que assim
assumiu, de forma significativa, uma dimensão mais
cenográfica e vernacular. As articulações das formas
construídas com o seu recheio azulejar são sempre
sábias de elaboração, coerentes de efeito geral e
felizes no resultado visual a que conduzem.
Quando admiramos – como sucede neste livro – tantos
espaços intestinos de igrejas barrocas integralmente
revestidos de azulejos, seja de padronagem policroma
como de figuração azul e branca, ou em fachadas de
casas a que a azulejaria emprestou uma plasticidade
luminosa e ardente, é certo que estamos perante uma
arte maior, em que o talento dos portugueses
transbordou em soluções plenas de originalidade. São
soluções sempre distintas, usadas num afã de cobrir
os panos murários com a plasticidade das formas e
cores da cerâmica pintada. Fossem eruditos ou
ingénuos, os pintores de azulejo usaram este género
artístico como expressão ímpar das decorações
integrais, o que transforma esta arte num unicum no
contexto internacional.
O ARTIS – Instituto de História da Arte, enquanto
centro de investigação universitário, associa-se à
paternidade científica desta obra, produzida por
iniciativa de Libório Manuel Silva, a quem se deve o
esmerado corpo fotográfico do presente livro.
Destaque-se, enfim, o esforço de investigação
científica pluridisciplinar, que teve como pólo
agregador a coordenação da Rede de Investigação em
Azulejo, grupo de pesquisa do referido centro que,
para o efeito, congregou historiadores de arte,
muitos deles das mais novas gerações de estudiosos.
Pensamos vir ao encontro das referências
incontornáveis neste campo, como o foram José
Queirós, Vergílio Correia, Reynaldo dos Santos e
João Miguel dos Santos Simões, para quem o Azulejo
português é a mais fundamental das manifestações
artísticas no sentido da caracterização da
identidade cultural portuguesa.
Estamos certos de que assim contribuímos para o
reconhecimento de um património artístico que, sendo
de âmbito nacional, possui inegáveis valências
universais.»
«Among the
different art forms that define Portugal's artistic
culture, due to their continued practice and to
their contribution for the country's national
identity, the azulejo certainly enjoys a special
standing. From the 15th century onwards, the use of
tile decorations – which during some periods
attained a sort of ubiquitousness – enriched
architectural spaces with new scenic and vernacular
dimensions. Overall, the articulation between the
architecture and these decorations is well balanced
and coherent, leading to a successful visual result.
When one admires – as so often throughout this book
– the tile-covered interiors of Baroque churches,
adorned with polychrome patterns and blue and white
motifs, or the façades of houses that have gained,
with the use of azulejos, a radiant and vivid
plasticity, tile decorations emerge as a major art
form, with the talent of Portuguese artists giving
rise to profoundly original creations. These works
are always different, born out of the wish to cover
a building's walls with coloured ceramic elements.
The tile painters, whether erudite or naïve, used
this art form to create a highly original kind of
decoration, unique within the international context.
This book, put together with the scientific
supervision of the academic research centre ARTIS
(Institute of Art History), was initially envisioned
by Libório Manuel Silva, author of the thorough
photographic survey displayed in the following
pages. It also benefited from the multidisciplinary
scientific research enabled by the coordinating
efforts of the Azulejo Research Network. This
research group, part of the ARTIS research centre,
brought together different art historians, many of
whom belong to the most recent generation of
scholars. The aim was to revive and expand the work
initiated by the most influential authorities in
this field, namely José Queirós, Vergílio Correia,
Reynaldo dos Santos and João Miguel dos Santos
Simões, to whom the azulejo was the key artistic
element of Portugal's cultural identity.
We are confident that this work will help promote an
artistic heritage that is both national in scope and
internationally significant.»
VITOR SERRÃO
Director do ARTIS – Instituto de História da
Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa |
|
|
|
|
|
Azulejos – Maravilhas de Portugal /
Wonders of Portugal
|
Fotografia / Photography: Libório
Manuel Silva |
|
Coordenação científica /
Scientific Coordinator: Rosário Salema de
Carvalho |
|
Prefácio / Foreword:
José Meco |
|
Págs:
336 (em capa dura/ hardcover,
24,5cm * 32,1cm) |
|
ISBN: 978-989-615-213-0 |
|
1.ª edição / 1st edition:
Mar,
2017 |
|
Preço / Price:
39,90 EUR |
|
|