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Gestão e Estratégia na Net

A "traição" de Metcalfe

GEORGE GILDER volta ao ataque nas páginas da última edição do suplemento «ASAP» da revista americana «Forbes» (26 de Agosto 1996). O alvo, agora, é Bob Metcalfe, o inventor da Ethernet , o pioneiro da Arpanet e o «pai» fundador do papel das redes nos anos 70. O polémico colunista da «Forbes» acusa Metcalfe de «traição» à emergente Era das Redes.

Metcalfe tem vindo a declarar insistentemente, nos últimos meses, que a «Internet terá um colapso este ano», em virtude de uma congestão total e da sua dinâmica anárquica, prevendo que os seus principais utilizadores façam um «recuo geral» para as intranets, estritamente privadas e fechadas ao público.

É a morte anunciada da Net.

O que quer combater Bob

A opinião do respeitável Bob Metcalfe fez encher, naturalmente, ainda mais o balão dos cépticos, por detrás dos quais se alinham diversos poderosos interesses ligados ao complexo industrial e de software surgido da primeira revolução da informação.

Metcalfe juntou alguns adjectivos à sua previsão, acrescentando que a Internet é hoje promovida por uma «intelligentsia bio-anárquica», em que inclui a revista «Wired» e o «pai» do Media Lab do MIT, Nicholas Negroponte, e confessa que o seu objectivo ao agitar o colapso eminente da Net é «desacreditar esta ideologia que fala de uma civilização neo-biológica fora de todo o controlo»(!).

Com o perigo de uma ideologia tão estranha, a questão avoluma-se como de vida ou de morte, e Gilder não perdeu tempo.

Responde na sua coluna «Telecosm» (ver a partir da pág.85 da referida edição de «ASAP»/«Forbes»), no seu estilo humorístico e turculento, mas avança argumentos que sublinham as questões estratégicas que estão em jogo.

Em virtude da linguagem só para entendidos de parte da argumentação, despimos o artigo de Gilder dos muitos «tecnicismos». Os interessados deverão ler o artigo no original.

O que esqueceu Bob

Ao que parece, Bob Metcalfe, segundo Gilder, esqueceu algumas verdades sobre o que é a Internet e o que acarreta a tal Era das Redes, que poderão eliminar o perigo de congestão e colapso eminente de que fala.

A acreditar nas últimas estimativas, «se a lei de Moore fala da duplicação do poder computacional cada ano e meio, a nova lei do telecosmos diz que a largura de banda está a duplicar todos os anos». Com a imensa capacidade da fibra óptica, esta tendência não perderá o pé, assegura Gilder.

Também a emergência dos «modems» para redes de cabo, das novas tecnologias digitais e dos avanços constantes no digital sem fios adicionarão factores de expansão.

A lógica emergente de relacionamento com as redes é, também, distinta da anterior, herdada da era dos computadores, que, em certa medida, ainda impregna a própria World Wide Web. Explica Gilder: «Os dois modelos de distribuição de informação são selecionar e ligar, ou radiodifundir e selecionar.

O primeiro é baseado numa inteligência que repousa centralizadamente em "servidores", que pesquisam bases de dados em busca do material desejado, e depois na forma de canalizar esse material para o endereço do utilizador.

Este modelo funciona assim para compensar a falta de largura de banda na rede e a fraca capacidade de armazenamento e de processamento nos terminais.

Em claro contraste, o segundo modelo baseia-se na largura de banda na rede e na inteligência e capacidade de armazenamento dos terminais».

Por outro lado, a lógica da Internet é a de um processo de explosão horizontal que adiciona valor à rede constantemente.

«A lei do telecosmos deriva do princípio de que os novos computadores e "routers" ligados à Net não só usam recursos como contribuem com novos recursos. Este é o segredo da estabilidade da Internet. O mesmo processo de crescimento que provoca as tais avalanchas de tráfego na Net, gera também uma cascata de novas capacidades», conclui o polemista da «Forbes».

Gestão e Estratégia na Net é uma coluna na net.News da responsabilidade de Jorge Nascimento Rodrigues - Jornalista e Autor de diversos livros sobre Gestão e Estratégia.
Publicado no Expresso de 24/Agosto/1996, com autorização do autor.

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